TPAC (transtorno do processamento auditivo central) Tem Cura?

por Fga. Vanissia Vendruscolo

Quando nossos filhos recebem o diagnóstico de transtorno do processamento auditivo, e a primeira coisa que queremos saber é: TPAC tem cura?

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TPAC tem cura?

“O transtorno do processamento auditivo central não é uma doença. Você não pode tomar um remédio para curá-lo. Embora a terapia direta possa erradicar o transtorno em algumas pessoas, é difícil prever o quanto alguém se beneficiará  do tratamento. Com certeza, o quanto a pessoa se esforça é um fator, mas outros fatores devem ser considerados, como a idade (quanto mais jovem melhor), o tipo de deficit e gravidade, a causa biológica subjacente ao transtorno e a capacidade individual do cérebro para mudança. Não sabemos explicar exatamente o porque algumas pessoas são remediadas com sucesso, enquanto outras não. O fato é que algumas pessoas continuam apresentando algum grau de dificuldade para o resto de suas vidas” (Bellis, 2002).

A boa notícia é que o transtorno do processamento auditivo central é altamente tratável, e embora uma parcela mantenha algum tipo de dificuldade mesmo após a intervenção,  orientações e estratégias compensatórias ajudam o paciente a aprender e se comunicar com sucesso.

“Essas estratégias compensatórias extraídas de habilidades cognitivas e linguísticas de ordem superior ajudarão a pessoa com TPAC a ouvir melhor e a se encarregar de sua própria compreensão” (Bellis, 2002).

Quem faz o tratamento para TPAC?

O único profissional habilitado para fazer este tipo de intervenção é o fonoaudiólogo. Procure sempre um especialista.

Onde é feito o tratamento?

O tratamento pode ser feito:

• em sessões presenciais em cabine acústica
• em sessões presenciais fora da cabine acústica  com  computador e fones
• em sessões online – telerreabilitação (Plataforma PAC Online).

Para saber mais sobre métodos de treinamento auditivo clique aqui.

Como é feito tratamento?

O tratamento para TPAC  abarca exercícios de treinamento auditivo que envolvem a estimulação da via auditiva e funções superiores de atenção, memória e linguagem.  Nenhum tratamento é igual ao outro, portanto o planejamento deve ser feito especificamente para cada paciente. Isso porque para traçar um planejamento terapêutico, o fonoaudiólogo leva em consideração os dados apresentados no exame, informações da anamnese (história do paciente e manifestação de suas dificuldades) e se necessário, elementos  de outras avaliações realizadas, como avalição de linguagem por exemplo.

Os exercícios auditivos visam estimular as vias auditivas, além de funções superiores de atenção, memória e linguagem. De uma maneira simplificada, alguns exemplos de exercícios são: ouvir duas ou quatro palavras dicóticas (palavras apresentadas ao mesmo tempo nas duas orelhas) ou em sequencia e repetir, ouvir e repetir frases, histórias, fazer nomeação de sons, identificar e nomear sons etc.

Na medida em que o paciente evolui, o grau de dificuldade é ajustado, mantendo o sistema em constante desafio e progresso. Como consequência, alcançamos mudanças na estrutura cerebral a partir de novas conexões e novos caminhos neuronais, as quais chamamos de neuroplasticidade.

Essas mudanças trazem como consequência positiva, uma escuta  mais clara. A partir disso, o paciente começa a compreender a informação auditiva com mais facilidade,  integrar e associar informações com mais eficiência. O caminho fica mais livre para que ele chegue à compreensão e enfim comece a memorizar o que aprendeu.

É claro que o impacto do treinamento auditivo é diferente para cada paciente. No entanto, TODOS MELHORAM.

Diagnóstico: quanto antes melhor.

Antes mesmo da alfabetização? SIM

Considerando que as habilidades auditivas são fundamentais para compreensão da mensagem falada, fica evidente a necessidade de se conhecer o processamento auditivo central de crianças no início do processo de alfabetização, uma vez que a investigação e o acompanhamento das habilidades auditivas desta população podem auxiliar na escolha de condutas adequadas para eliminar ou minimizar alterações que possam interferir negativamente no processo de aprendizagem (Sartori, Delecrode & Cardoso, 2019).

É importante enfatiza que devemos ter em mente que precisa existir uma abordagem holística para o diagnóstico de TPAC. O teste, de maneira isolada,  nunca deve ser o ponto de partida  no processo diagnóstico, ou seja, é necessário partir do princípio que existe algum tipo de dificuldade de comunicação ou de aprendizagem relacionado.

Quanto tempo leva o tratamento para TPAC?

O protocolo para tratamento do Transtorno do Processamento Auditivo Central varia de profissional para profissional. Para definir meu protocolo, de 12 sessões, eu considerei as pesquisas científicas que mostram que as habilidades auditivas são adquiridas entre 8 e 16 sessões, e minha experiência profissional, que aponta  para 12 sessões. Após  a finalização das sessões o exame deve ser refeito para que possamos visualizar “em números”  para comparação e definição de conduta.

E quais são os RESULTADOS?

A melhora é percebida durante o tratamento. Alguns pais chegam a relatar melhora na fala e aprendizagem logo nas primeiras semanas.

Uma pesquisa realizada com 23 crianças, utilizando o Programa de Treinamento Auditivo Cognitivo PAC Online. Nesta pesquisa, a percepção da melhora na aprendizagem foi registrada pelos pais no questionário da avaliação.

Nós perguntamos “Você percebe alguma melhora na aprendizagem?”

E obtivemos as seguintes respostas:

• melhora na leitura;
• melhora na escrita;
• melhora na fala;
• melhora na atenção;
• melhora geral no desenvolvimento escolar;
• melhora no ditado;
• maior motivação para os estudos;
• melhora na organização;
• melhora na compreensão de texto lidos;
• melhora na compreensão de sequencias narrativas ouvidas;
• maior facilidade em fazer associações entre informações recebidas.

Por fim, se eu pudesse te dar um conselho eu diria. Não espere. Se você percebe dificuldades de fala não mais esperadas para a faixa etária, dificuldades de aprendizagem ou de alfabetização, procure informação e orientação. O diagnóstico precoce é o melhor cenário para tratamento e resultados positivos. O diagnóstico do TPAC pode ser feito a partir de 6 anos de idade… mas isso é assunto para outro post!

Até lá!

Fga. Vanissia Vendruscolo

TPAC tem cura?

Referências

Bellis, T.J. (2002b). When the brain can’t hear. Unravelling the mystery of auditory processing disorder. New York: Atria Books.

Sartori, Delecrode & Cardoso (2019). Processamento auditivo (central) em escolares das séries iniciais de alfabetização. CoDAS [online]. 2019, v. 31, n. 1 [Acessado 9 Janeiro 2022] , e20170237. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/2317-1782/20182018237>. Epub 25 Fev 2019. ISSN 2317-1782. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20182018237.

Para mais informações acesse: Plataforma PAC Online – tudo o que você precisa saber.

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Fga.Ms. Vanissia Vendruscolo
CRFa2.8393

🔅Especialista em Audiologia Clínica- Santa Casa de Misericórdia de SP 🇧🇷
🔅Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Minho – Braga 🇵🇹
🔅 Fundadora e Produtora da Plataforma de Treinamento Auditivo Cognitivo & Linguagem PAC Online
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